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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

O HAARP, a “Máquina controladora de mentes” estará ativa em faixas de radioamadores




Por Alisson Teles Cavalcanti, PR7GA

Você já ouviu falar da HAARP? Segundo sites e jornais sensacionalistas, e até membros oficiais de governos como o Irã,é uma máquina feita pelo governo americano para, segundo eles, “controlar mentes e o clima e provocar terremotos a nível mundial”.


Antes de mais nada, esta máquina de fato existe e está ativa desde a última segunda feira, dia 30 de julho. Quanto aos seus supostos efeitos... Ora, sabemos muito bem que não se deve dar muito crédito a estas fontes, mas as citamos apenas a título de curiosidade para apresentar o tema desta matéria (HI). Vamos aos fatos.



Uma visão aérea do complexo aonde ficam as antenas e transmissores 

O que seria o HAARP? É a sigla para Programa de Pesquisa Ativa de Alta Frequência da Aurora, e consiste de um centro de pesquisa localizado no Alaska cujo núcleo é composto por um conjunto perfeitamente cofasado de 180 antenas dipolo de HF dispostas de forma cruzada e lado a lado. Este conjunto imenso de antenas é ligado a 30 casas de transmissores, e cada casa abriga seis transmissores de 10KW cada. Assim, este imenso conjunto é capaz de irradiar até 3,6 megawatts de potência de RF direto para a ionosfera. O objetivo é aquecê-la para avaliar suas irregularidades localmente e também observar o alcance destas transmissões a nível mundial. O HAARP é capaz de operar desde 2,7MHz até 10MHz em frequências específicas e predeterminadas, todas fora das faixas de radioamador.

 População em visita ao HAARP. Obviamente as transmissões NÃO estão ativas...


A ionosfera começa a cerca de 60 a 80 km de altitude e se estende até cerca de 500 km de altitude. Existem elétrons e íons livres na ionosfera com os quais as ondas de rádio podem interagir. É esta interação que permite, por exemplo, as comunicações em HF a nível mundial, pois a ionosfera atua como se fosse um imenso escudo onde as ondas de rádio em certas frequências ricocheteiam de volta à Terra, permitindo ser captadas fora do alcance visual, ao redor da circunferência de nosso planeta.



As ondas de rádio do HAARP aquecem os elétrons e criam pequenas perturbações que são similares aos tipos de interação que acontecem na natureza. Fenômenos naturais são aleatórios e muitas vezes difíceis de serem observados. Com o HAARP, os cientistas podem controlar quando e onde as perturbações ocorrem para que possam medir seus efeitos. Além disso, eles podem repetir experimentos para confirmar que as medições realmente mostram o que os pesquisadores observaram ou previram em suas pesquisas.





O HAARP foi construído e operou durante muitos anos a serviço do governo americano através da sua Força Aérea, o que contribuiu e muito para as teorias conspiratórias. Porém, desde 2015, o HAARP é controlado e serve apenas a pesquisas universitárias, estando sob o controle da Universidade Fairbanks do Alaska.

 

Dito isto, o que este sistema tem a ver com o radioamadorismo, já que ele não opera dentro de nossas faixas? Acontece que o pesquisador do Grupo de Física Espacial da Universidade do Alasca Fairbanks (UAF) e cientista-chefe do HAARP, Chris Fallen, também é radioamador (KL3WX), e decidiu, pela primeira vez na história, utilizar as faixas de radioamadores para as transmissões do HAARP.


O pesquisador chefe do projeto, Chris Fallen, também é radioamador (KL3WX)

Desde anteontem, além das transmissões nas frequências usuais, os pesquisadores aproveitarão o protocolo digital WSPR e a Rede de Relatores de Propagação de Sinais Fracos (WSPRnet) durante uma curta campanha experimental. O pesquisador chefe Chris Fallen disse à ARRL que ele estará conduzindo pesquisas sobre irregularidades ionosféricas, e utilizará a rede WSPR por suas características únicas, pois permite a recuperação de dados de recepção incluindo a localização da estação receptora e também o nível de sinal recebido, dados imprescindíveis para a sua pesquisa. Antes de usar a rede WSPR, as pesquisas exigiam o envio desses dados de forma manual, enquanto que na rede WSPR isso é feito de forma automática, em tempo real.



Aspecto do programa WSJT-X, utilizado para decodificar os sinais da rede WSPR


As transmissões em WSPR ocorrem entre aproximadamente 23:40 e 24:00 horas UTC em todos os 3 dias, na freqüência padrão de WSPR de 80 metros de 3.592,6 MHz, e também em 40m em 7.038,6 kHz. O HAARP transmitirá em AM com portadora completa, já que não está equipado para transmitir em SSB que é o padrão em WSPR. O indicativo de chamada do HAARP será WI2XFX.


Como os sinais WSPR são captados e confirmados. Cada linha representa um contato.


Pelo padrão WSPR, as transmissões devem citar a potência de transmissão dos sinais emitidos, além de outras informações. Porém, uma curiosidade para quem conseguir decodificar é que a potência real de transmissão será maior do que a relatada, pois está fora do alcance do que o software permite que seja codificado. Segundo informado pelos pesquisadores, a potência transmitida será da ordem de 80kW.



Este é mais uma ótima notícia para a comunidade radioamadorística ao redor do mundo, pois mostra que nós podemos contribuir e muito com a Academia. O campo de pesquisa do HAARP é algo muito novo, pois envolve o entendimento do clima espacial, algo que afeta diretamente as comunicações via rádio a nível mundial. Com o experimento conduzido nestes três dias, liderado por um radioamador e auxiliado pela imensa comunidade radioamadorística ao redor do mundo, estejamos certos de que nosso hobby continua firme, atuante e relevante para a ciência, como sempre esteve.



Lembrando que hoje será o último dia de transmissões em WSPR. Daqui a pouco, às 20:40 horário de Brasília, ligue seu rádio em 3.592,6kHz e em 7.038,6kHz e tente captar as transmissões.



Fontes:


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